Folhapress Brasília, 12 de abril – O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, reagiu com indignação à reportagem do Estado de S. Paulo que acaba de ser publicada e o associa ao bicheiro Carlos Cachoeira. O indício, segundo o Estadão, seria um grampo da Polícia Federal, entre Cachoeira e o sargento Dadá, onde ambos falam sobre um encontro com um certo “01”.  “Isso é mais uma fantasia; mais uma mentira descabida; meu nome não aparece e não é citado. Dizer que esse tal 01 sou eu é tão insustentável quando dizer que o 01 é o papa. É uma tentativa de arrastar o meu partido para esta crise”, disse Agnelo ao 247.

Ontem, o chefe de gabinete de Agnelo, Claudio Monteiro, pediu afastamento do cargo, porque seu nome também foi associado ao do bicheiro Carlos Cachoeira. O governo do Distrito Federal buscou adotar a chamada “solução Hargreaves”, a exemplo do que Henrique Hargreaves, ex-ministro da Casa Civil de Itamar Franco, fez em 1993, quando foi acusado de irregularidades. Saiu do cargo, provou sua inocência e retornou.

Leia ainda, abaixo, o comentário de Hélio Doyle, colunista do 247, sobre o afastamento de Claudio Monteiro:

Cláudio Monteiro, chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz, fez o que tinha de fazer: exonerou-se do cargo diante das suspeitas levantadas contra ele. A atitude não significa reconhecimento de culpa, muito menos que ele seja culpado. Até porque o que foi apresentado até agora não comprova cabalmente que Monteiro tenha realmente participado de falcatruas no governo do Distrito Federal. Há apenas indícios, sérios, que têm de ser apurados.

Essa é a atitude que deveriam tomar (e que deveriam ter tomado) todas as autoridades acusadas de cometer irregularidades. O afastamento evita que o governo seja contaminado pelas denúncias e reduz o ímpeto da imprensa. Ao mesmo tempo, mostra que o acusado não teme as investigações e abre mão do foro privilegiado que tem como ministro ou secretário de estado.

Caso nada seja comprovado contra Monteiro, o governador pode chamá-lo de volta, como o presidente Itamar Franco fez com seu chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves. O exemplo de Hargreaves deveria ser o modelo para os ministros de Dilma, mas até agora todos os acusados se aferraram aos cargos e só foram afastados depois de enorme desgaste público.

Brasília 247