Brasília, 04 de abril – Apesar de ser economista, a presidente Dilma Rousseff conseguiu em poucos anos fazer um estrago nas contas públicas que nem um leigo conseguiria. Mesmo com a receita caindo ano após ano, a redução de gastos foi negligenciada. O desarranjo foi tamanho, que especialistas acreditam que, independentemente de quem estiver no governo, demorará alguns anos para que haja um reequilíbrio. Os dados do Tesouro Nacional demostram a deterioração. Enquanto que em 2010, as receitas correspondiam a 20,1% do Produto Interno Bruto (PIB) e os gastos a 18,1%, no ano passado, atingiram 17,6% e 19,5%, respectivamente.
Isso porque, se as medidas de ajuste forem tomadas de uma só vez, a recessão vivida no Brasil se transformará rapidamente em depressão. O economista Simão David Silber, professor da Universidade de São Paulo (USP), considera que o estrago levará uma década para ser consertado e a crise atual que o país atravessa não está relacionada a nenhum fator externo. “O volume de incerteza é tão grande, que não tem consenso político para uma retomada. A trajetória da economia a médio prazo não é boa. Vamos levar muitos anos para que ela se recupere”, avisa. Ele destaca que a recessão está tão forte que reduziu o PIB potencial para apenas 2%. O acadêmico fez um levantamento, considerando uma recuperação a partir de 2018 e constatou que a renda per capita do brasileiro, em 2023, não voltará ao que era em 2014. “Isso mostra que estamos retrocedendo uma década novamente”, alerta.
“Existem duas grandes barreiras a superar para que a melhora fiscal ocorra. A primeira são os mandatos constitucionais sobre os gastos, que significa que a maior parte do ajuste deverá ser feita por meio de aumento de impostos (já elevados). A outra é a economia cronicamente fraca. É extremamente difícil reparar as finanças públicas com a economia em recessão”, explica.
O crescimento das despesas do governo acima do Produto Interno Bruto (PIB), principalmente em função dos gastos obrigatórios, preocupa o economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro José Luis Oreiro. “Pelas minhas contas, o avanço é de dois pontos percentuais a mais do que o PIB. Esse é um problema estrutural. Se a reforma da Previdência não ocorrer, assim como a mudança da regra de reajuste do mínimo para que o ritmo de crescimento das despesas primárias fique limitado ao do PIB, será impossível equilibrar as contas públicas”, avisa.
Na opinião do especialista em finanças e professor do Insper Otto Nogami, é preciso reduzir, dentro das despesas correntes, benefícios de manutenção da máquina do Estado. O corte em investimentos, segundo ele, só agrava a atividade econômica. Nogami critica a escalada da conta de juros do governo, que saltou 163% de 2010 para 2015, passando de R$ 195 bilhões para R$ 513,4 bilhões. “O governo gastou o que não podia para se reeleger. Se endividou mais e não conseguiu entregar o superavit primário para ajudar o BC a executar a política monetária. Isso faz com que a dívida cresça em ritmo exponencial”, pontua.
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