Brasília, 15 de abril – A economista Maria Lúcia Fatorelli é uma heroína do esclarecimento das contas públicas brasileiras, em especial no que diz respeito à dívida pública. Sua iniciativa de constituir um grupo de especialistas voltado para desenvolver a auditoria da dívida despertou a ira dos banqueiros e financistas que veem nas ações dela um risco de perda dos bilhões de dólares que usurparam e usurpam da sociedade brasileira durante décadas, sob a proteção de agências multilaterais como FMI e Banco Mundial.
Claro, esses ladravazes ligados umbilicalmente ao mercado financeiro internacional não agiram sozinhos. Tiveram e ainda tem o suporte institucional de uma corja de traidores que estão instalados no Ministério da Fazenda e no Banco Central do Brasil. Esses, atropelando os interesses da Nação, atuam descaradamente em favor da especulação – não no mercado financeiro normal, ou no mercado real, mas do mercado dos especuladores e financistas que vampirizam o Brasil há décadas.
Fatorelli descobriu nas entrelinhas do projeto de lei 257, que tramita no Congresso, a mais descarada arapuca para acabar de destruir os serviços públicos brasileiros. Com o pretexto de aliviar a dívida dos Estados – e nem isso garante, pois apenas remete o problema para o futuro -, estabelece condições draconianas para os servidores, desmonta sua previdência, estimula demissões em massa. Não há um parágrafo sequer propondo a melhoria dos serviços públicos. É só piora.
O projeto tem o descaramento de propor que a União se torne seguradora de investimentos internos e externos de empresas brasileiras ou estrangeiras. É o fim. O Brasil bancará investimentos ruinosos do setor privado, sem necessidade sequer de examinar o custo benefício para o país do empreendimento. É uma farra aberta aos bandidos do sistema financeiro internacional. E isso, acreditem, está num projeto oriundo do “nosso” Ministério da Fazenda e do “nosso” Banco Central.
Nesse último caso, o escândalo é a proposta de o Banco Central remunerar com a taxa Selic as reservas voluntárias dos bancos. Trocando em miúdos, algo como um trilhão de reais está rolando no sistema financeiro sem aplicação. Como as taxas de juros são altas demais, não há tomadores. Como não há tomadores, os bancos depositam o dinheiro no BC. Se não houver remuneração, os bancos se verão obrigados a baixar as taxas de empréstimos e aumentar a disponibilidade de dinheiro na economia a taxas razoáveis.
Entretanto, o “nosso” Banco Central opera a favor de taxas de juros estratosféricas. Seus diretores não estão lá por acaso: se servirem bem os especuladores financeiros, ganharão uma vice-presidência em banco privado quando saírem de lá. Esse é o seu destino e a sua ambição. Enquanto isso Maria Lúcia, oriunda da Secretaria do Tesouro e hoje aposentada, presta um imenso serviço não remunerado à Nação quando denuncia essas mega-negociatas institucionais. (Leiam os artigos dela via google, que estão mais detalhados que os meus.)
A presidenta Dilma teve o desprazer de se ver traída pelo próprio vice-presidente. Ela não pode fazer nada porque não pode demiti-lo. Entretanto, ela pode demitir os traidores da Fazenda e do Banco Central que inventaram o pornográfico projeto 257. Por conta das maldades que faz com os servidores públicos o senador Paulo Paim pediu encarecidamente à Presidenta que fosse retirado de pauta. Sem ter o prestígio de Paim, e contando com o apoio certo de Maria Lúcia Fatorelli, eu faço o mesmo apelo. Dilma pode estar segura de que não perderá um voto se o mercado, beneficiário dele, ficar triste com a retirada do projeto.
*Economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ.
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