20160109003418882065eBrasília, 11 de janeiro – O dragão da inflação não dá trégua. Em 2015, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve a maior alta em 13 anos. Subiu 10,67%, avançando acima de dois dígitos, algo que não ocorria desde 2002, quanto marcou 12,53%, conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou bem distante dos 6,41% registrados em 2014 e dos 4,5% do centro da meta anual determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O dado de 2015 superou largamente as previsões feitas pelo mercado no fim de 2014 e no início do ano passado, quando se esperava que o IPCA chegaria, no máximo, a 7%.

A carestia foi impulsionada, sobretudo, pelos grupos de habitação e de alimentos e bebidas, que subiram 18,31% e 12,03%, respectivamente, em 2015. O tarifaço promovido pelo governo teve grande responsabilidade pelo aumento do custo de vida. A energia elétrica foi o que mais pesou no IPCA. As contas de luz ficaram 51% mais caras e tiveram, isoladamente, um impacto de 1,50 ponto percentual no índice. Também pesaram no orçamento das famílias as altas na gasolina (20,1%), dos ônibus urbanos (15,09%), da taxa de água e esgoto (14,75%) e do gás de botijão (22,55%).

 Entre os alimentos, o destaque foi a cebola, que encareceu 60,61% , seguida de perto pelo alho, que sofreu o impacto do câmbio e avançou 53,66%. O tomate ficou em terceiro lugar, com 47,45%. O quadro detectado pelo IBGE, no entanto, é mais grave, já que a alta não se resume a poucos itens. Pelo contrário, o que se verifica é que a elevação de preços é generalizada. Nada menos do que 74,8% dos produtos pesquisados ficaram mais caros no ano passado. Em 2014, a alta alcançava 68,4% dos itens. Além de ficar mais espalhada, a inflação ganhou força. Em janeiro de 2015, 91 produtos tiveram aumento de preço superior a 10%. No último mês do ano, foram 160.
Correio Braziliense