Brasília, 30 de julho – Uma semana depois de o governo anunciar uma redução substancial na sua meta de economia para o ano, o Banco Central elevou nesta quarta-feira (29) ataxa básica de juros, a Selic, em mais 0,5 ponto percentual, para 14,25% ao ano.
Foi a sétima alta consecutiva da Selic, que chega ao maior patamar em nove anos —desde agosto de 2006, quando a taxa também estava em 14,25%. A decisão tomada por 8 dos 9 diretores do BC já era esperada pelo mercado.
Em nota, o BC disse que os juros devem permanecer nesse novo patamar “por período suficientemente prolongado” para garantir a convergência da inflação para a meta no fim de 2016.
Em iniciativa inédita, o diretor de Assuntos Internacionais Tony Volpon, se absteve de participar da reunião que definiu a Selic depois que declarações feitas por ele na semana passada sobre os juros geraram polêmica.
Segundo noticiado pelo jornal “Valor”, Volpon descartou em apresentação a investidores a possibilidade de votar por uma redução dos juros até que a projeção do BC aponte para uma inflação no centro da meta de 4,5%.
Alguns analistas de mercado e políticos avaliaram que o diretor teria antecipado o seu voto no Copom (Comitê de Política Monetária).
Nesta quarta-feira, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) defendeu a demissão de Volpon.
Em nota, o BC informou que compreendeu a decisão do diretor de não participar da reunião e que já havia “acolhido” os esclarecimentos dados por ele sobre o caso.
Há duas semanas, parte dos economistas ainda cogitava a possibilidade de o BC reduzir o ritmo de aperto dos juros, optando por uma alta de 0,25 ponto após seis aumentos de 0,5 ponto, diante da retração da atividade econômica e da melhora gradual das expectativas de inflação para o próximo ano.
A decisão do governo de reduzir sua meta de superavit primário de 1,1% do PIB para no máximo 0,15% do PIB, com possibilidade de deficit, reforçou, no entanto, a expectativa de um aperto maior.
Quanto menor a economia feita pelo governo para o pagamento de juros da dívida, maior o volume de recursos disponível na economia para consumo e investimento —combustível para o reajuste de preços em um cenário de inflação já elevada.
Em meio a preocupações dos investidores com a trajetória da dívida pública, a redução da meta de economia também alimentou uma alta do dólar, o que tem efeito inflacionário.
Essas mesmas preocupações contribuíram para que a agência de classificação de risco Standard & Poor´s indicasse nesta semana a possibilidade de reduzir a nota do Brasil para o grau especulativo em um futuro próximo.
Para este ano, em que a inflação sentiu o choque de reajustes das tarifas reguladas pelo governo, principalmente de energia, e também da alta do dólar, a expectativa é que o IPCA fique bem acima do teto da meta.
A projeção central mais recente dos economistas consultados pelo BC é que a inflação feche o ano em 9,23%, maior valor desde 2003. Para 2015, as estimativas são de um IPCA de 5,4%.
O descumprimento da meta neste ano, se confirmado, exigirá que o presidente do BC, Alexandre Tombini, encaminhe uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, explicando os motivos que levaram o teto de 6,5% a ser superado.
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