Brasília, 26 de novembro – Com a economia brasileira em recessão e a disparada do dólar, que acumula alta de 45% até outubro, as contas externas registraram melhora, com queda de quase US$ 30 bilhões no déficit em transações correntes (formada pela balança comercial, pelos serviços e pelas rendas) nos dez primeiros meses deste ano, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira (26) pelo Banco Central.
De janeiro a outubro, o chamado déficit em transações correntes – um dos principais indicadores das contas externas – somou US$ 53,47 bilhões em 2015. Foi o menor déficit para este período desde o início da série histórica revisada do BC, que começa em 2010. No mesmo período do ano passado, o resultado negativo foi de US$ 83,37 bilhões. O recuo foi de 35,8% na parcial de 2015. Para todo este ano, o BC projeta um resultado negativo de US$ 65 bilhões em 2015, ou 3,71% do PIB.
A explicação para a melhora das contas externas é que, com o fraco nível de atividade na economia brasileira, decorrente de um cenário de recessão, e com o dólar em alta, há uma demanda menor por importações (que ficam mais caras). Ao mesmo tempo, a disparada da moeda norte-americana também estimula as exportações, tornando-as mais baratas, contribuindo para uma melhora do resultado da balança comercial.
“Nesse momento de ajustes da economia, o setor externo dá uma contribuição positiva. E isso é verdade tanto para a balança comercial, como também para a conta de serviços e de renda. Isso ocorre pela queda da atividade econômica do país no ano, decorrente do ajuste, e devido à depreciação cambial, que encarece bens e serviços importados”, avaliou o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha.
Investimento direto
Com o fraco nível de atividade, também houve queda no aporte de investimentos estrangeiros diretos no Brasil. Na parcial dos dez primeiros meses de 2015, os investimentos foram de US$ 54,92 bilhões, com queda de 32% frente ao mesmo período do ano passado – US$ 81 bilhões.
Com isso, os investimentos foram suficientes para “financiar” em sua totalidade o déficit das contas externas do período – que somou US$ 53,47 bilhões até outubro. Para este ano, porém, a previsão do BC é de que o ingresso seja suficiente para financiar o déficit das contas externas.
Componentes das contas externas
A melhora nas contas externas neste ano está relacionada, com seus três componentes: a balança comercial brasileira, a conta de rendas e também a de serviços.
No caso da balança comercial brasileira, houve um superávit de US$ 10,7 bilhões até outubro, contra um déficit de US$ 3,89 bilhões no mesmo período do ano passado. Para todo este ano, o BC projeta um saldo positivo de US$ 12 bilhões para a balança comercial brasileira.
Além da balança comercial brasileira, dentro da conta de transações correntes também estão as rendas, que incluem, por exemplo, as remessas de lucros e dividendos (parcelas de lucros) ao exterior, e os serviços, que englobam as viagens de brasileiros ao exterior, seguros e aluguel de equipamentos, entre outros.
No caso das rendas primárias, o BC informou que houve um déficit de US$ 34,14 bilhões nos dez primeiros meses deste ano, contra um resultado negativo de US$ 41,92 bilhões no mesmo período de 2014. Para todo ano de 2015, a autoridade monetária estima um déficit de US$ 39,7 bilhões para as rendas primárias neste ano.
A conta de serviços, por sua vez, que engloba os gastos de brasileiros no exterior, registrou um déficit de US$ 32,08 bilhões na parcial deste ano, contra um resultado negativo de US$ 39,6 bilhões nos dez primeiros meses de 2014. Para todo este ano, o BC projeta um déficit de US$ 40 bilhões.
Nova metodologia das contas externas
O Banco Central informou que passou a adotar, a partir do início de 2015, estatísticas do setor externo em conformidade com o a sexta edição do Manual de Balanço de Pagamentos e Posição Internacional de Investimento (BPM6), do Fundo Monetário Internacional (FMI) – já adotado por várias economias ao redor do mundo.
Um dos principais impactos da implementação do chamado BPM6 acontece nos investimentos diretos no país. Segundo o BC, empréstimos intercompanhia, de filiais brasileiras no exterior para a matriz, localizada aqui no país, antes eram considerados como investimento brasileiro no exterior.
No caso do déficit em transações correntes, cujo valor também ficou maior com a mudança metodológica, o Banco Central explicou que novas “rubricas” passaram a fazer parte do resultado, como os chamados “lucros reinvestidos” – ou seja, os lucros auferidos por empresas estrangeiras instaladas no Brasil.
A parte do lucro que não é remetida ao exterior, ou seja, que é reinvestida no Brasil, amplia o capital da empresa e passa a ser contabilizada como pagamento a não residente, e, com isso, passa a integrar o déficit em conta corrente, explicou o BC. Os juros da dívida doméstica pagos a não residentes também passaram a integrar o déficit em conta corrente.
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